M.P., 69 anos é viciado em jogo.
Aposentado, trabalhou no fórum cível de Curitiba por mais de 21 anos. Começou
pelos jogos clássicos, como bingo e logo estava nos jogos de carta como cacheta
e pôquer.
São anos de perdas econômicas graves até
que pessoas acima de 60 anos busquem algum tipo de tratamento. Um estudo feito
pela Universidade de São Paulo (USP) revela que, enquanto os homens desenvolvem
a patologia em um período de duas décadas, aproximadamente, é necessário apenas
quatro anos para as mulheres se tornarem doentes compulsivas. Em Curitiba,
essas pessoas, procuram ajuda nos Jogadores Anônimos.
Segundo a mesma pesquisa, feita com 50
idosos, a maioria dos prejudicados pelo vício em jogos de azar tem grau de
instrução baixo, condições razoável e moram sozinhos. Outros aspectos que
também levam à dependência são a falta de arranjo familiar e renda.
“Meio
que por brincadeira, e pra me enturmar com o pessoal do fórum, eu aceitei o
convite de um colega. Por sinal ele não mora mais aqui em Curitiba, pois perdeu
todos os seus bens matérias com a jogatina. Comecei sem apostar nada e vendo os
meus amigos ganharem dinheiro. Eu, novo na cidade, sem um tostão no bolso,
resolvi dar o primeiro lance”, conta o aposentado.
M.P., perdeu bens como um terreno
avaliado hoje no valor de R$ 180 mil e vários salários inteiros apenas pelo
prazer de jogar. “Foi incrível, satisfez meu ego, fiquei eufórico querendo
mais. Cheguei a ganhar um lava-car, mas perdi apostando o mesmo em outras
ocasiões”.
Os processos de tratamento são parecidos
a uma recuperação de dependência química. Nos mesmos moldes dos Alcoólicos
Anônimos (AA), os Jogadores Anônimos (JA) foi criado nos Estados Unidos e já
está presente em 11 estados brasileiros. “No Brasil há idosos viciados em
vários jogos, entre eles está o jogo do bicho, corrida de cavalo e até a Mega
Sena”.
O JA foi criado há cinco anos em
Curitiba. O grupo utiliza os mesmos métodos de regeneração do AA (Alcoólicos
Anônimos), só que traduzida para os jogadores anônimos. Devido à grande
rotatividade, a irmandade não tem um número fixo pessoas que frequentam o
local, mas cada reunião conta em média com vinte pessoas.
Situação semelhante a de M.P. viveu C.C. Tudo era vendido por valores insignificantes só para
conseguir dinheiro para jogar. Para ela, a maior perda para a família é a
emocional. Começou o tratamento no JA em 2008 com o
apoio de seus familiares. "As etapas são um
processo de auto-ajuda, em que revemos nosso caráter e tentamos trabalhar nossa
auto-estima", diz.
São três grupos semanais (terças, sextas
e sábados, às 19h30) que se encontram na sede que fica na Rua Trajano Reis, 457.
Assim como AA, os familiares e amigos dos compulsivos por jogos (bingo,
loteria, baralho, entre outros) desempenham um papel fundamental na
recuperação.
Leia Mais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário