segunda-feira, 18 de junho de 2012

Idosos viciados em jogos de azar buscam ajuda no Jogadores Anônimos


Por Fernanda Brisky 
M.P., 69 anos é viciado em jogo. Aposentado, trabalhou no fórum cível de Curitiba por mais de 21 anos. Começou pelos jogos clássicos, como bingo e logo estava nos jogos de carta como cacheta e pôquer.
São anos de perdas econômicas graves até que pessoas acima de 60 anos busquem algum tipo de tratamento. Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) revela que, enquanto os homens desenvolvem a patologia em um período de duas décadas, aproximadamente, é necessário apenas quatro anos para as mulheres se tornarem doentes compulsivas. Em Curitiba, essas pessoas, procuram ajuda nos Jogadores Anônimos. 
Segundo a mesma pesquisa, feita com 50 idosos, a maioria dos prejudicados pelo vício em jogos de azar tem grau de instrução baixo, condições razoável e moram sozinhos. Outros aspectos que também levam à dependência são a falta de arranjo familiar e renda. 
 “Meio que por brincadeira, e pra me enturmar com o pessoal do fórum, eu aceitei o convite de um colega. Por sinal ele não mora mais aqui em Curitiba, pois perdeu todos os seus bens matérias com a jogatina. Comecei sem apostar nada e vendo os meus amigos ganharem dinheiro. Eu, novo na cidade, sem um tostão no bolso, resolvi dar o primeiro lance”, conta o aposentado. 
M.P., perdeu bens como um terreno avaliado hoje no valor de R$ 180 mil e vários salários inteiros apenas pelo prazer de jogar. “Foi incrível, satisfez meu ego, fiquei eufórico querendo mais. Cheguei a ganhar um lava-car, mas perdi apostando o mesmo em outras ocasiões”. 
Os processos de tratamento são parecidos a uma recuperação de dependência química. Nos mesmos moldes dos Alcoólicos Anônimos (AA), os Jogadores Anônimos (JA) foi criado nos Estados Unidos e já está presente em 11 estados brasileiros. “No Brasil há idosos viciados em vários jogos, entre eles está o jogo do bicho, corrida de cavalo e até a Mega Sena”.
O JA foi criado há cinco anos em Curitiba. O grupo utiliza os mesmos métodos de regeneração do AA (Alcoólicos Anônimos), só que traduzida para os jogadores anônimos. Devido à grande rotatividade, a irmandade não tem um número fixo pessoas que frequentam o local, mas cada reunião conta em média com vinte pessoas.
Situação semelhante a de M.P. viveu C.C. Tudo era vendido por valores insignificantes só para conseguir dinheiro para jogar. Para ela, a maior perda para a família é a emocional. Começou o tratamento no JA em 2008 com o apoio de seus familiares. "As etapas são um processo de auto-ajuda, em que revemos nosso caráter e tentamos trabalhar nossa auto-estima", diz.
São três grupos semanais (terças, sextas e sábados, às 19h30) que se encontram na sede que fica na Rua Trajano Reis, 457. Assim como AA, os familiares e amigos dos compulsivos por jogos (bingo, loteria, baralho, entre outros) desempenham um papel fundamental na recuperação. 
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